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5/11. Diodo: funcionamento, tipos, parâmetros e como selecionar o componente certo (guia técnico completo)

  • Foto do escritor: Gisele Folador
    Gisele Folador
  • 17 de out.
  • 7 min de leitura

Bem-vindo ao quinto post da nossa série didática sobre componentes eletrônicos! Já conhecemos o papel dos resistores, capacitores e indutores, e agora é hora de explorarmos o diodo — o primeiro componente semicondutor ativo que você provavelmente estudará ao entrar no mundo da eletrônica.

O diodo é um dispositivo unidirecional: ele permite a passagem da corrente elétrica em apenas um sentido e bloqueia no outro. Essa característica simples o torna essencial em praticamente todos os circuitos eletrônicos modernos — de fontes de alimentação e carregadores a sensores ópticos, rádios, inversores e sistemas automotivos.


Neste artigo completo e didático, você vai entender:

  • O princípio físico de funcionamento do diodo e a junção p–n;

  • Os principais tipos de diodos e suas aplicações práticas;

  • Como ler uma folha de dados e escolher o modelo ideal;

  • E ainda um FAQ técnico com dúvidas reais respondidas de forma objetiva.


DIODO: Funcionamento, Tipos e Aplicações

💡 TL;DR — resumo rápido

O diodo é um componente semicondutor que permite a passagem de corrente em um único sentido. Essa propriedade o torna indispensável para retificar energia, proteger circuitos, regular tensões e detectar luz. Seus tipos mais comuns incluem retificadores, Schottky, Zener, TVS, ultrarrápidos, varactors e fotodiodos.


❓ Resposta direta (featured snippet)

O que é um diodo e para que serve? Um diodo é um componente eletrônico que permite a passagem da corrente em apenas um sentido. Ele é usado para converter corrente alternada em contínua, proteger contra sobretensões, regular tensões, ajustar frequências e até converter luz em eletricidade. É um dos pilares da eletrônica moderna.

⚙️ Como o diodo funciona — a física por trás

O diodo é formado por dois materiais semicondutores diferentes:

  • Região P (positiva): contém lacunas (ausência de elétrons);

  • Região N (negativa): contém elétrons livres.

Quando essas regiões se unem, forma-se uma junção p–n, criando uma barreira elétrica chamada de região de depleção. Essa barreira impede o fluxo de elétrons até que uma tensão adequada seja aplicada.


🔸 Polarização direta

Quando o ânodo está positivo em relação ao cátodo, a barreira diminui e o diodo permite a passagem da corrente elétrica.A corrente aumenta exponencialmente com a tensão, conforme a equação de Shockley:


Equação de Shockley

Essa relação mostra que o diodo começa a conduzir significativamente a partir de uma queda de tensão típica (Vf):

  • Aproximadamente 0,7 V para silício;

  • E cerca de 0,3 V para germânio ou Schottky.


🔸 Polarização reversa

Se a polaridade é invertida, a barreira cresce e o diodo bloqueia a passagem da corrente. Apenas uma minúscula corrente de fuga (IR) circula — até que a tensão atinja um ponto crítico chamado tensão de ruptura (VZ). A partir daí, certos tipos de diodo, como o Zener, passam a conduzir deliberadamente para regular a tensão.



🔍 Tipos de diodos e suas aplicações práticas

Para entender os diodos de forma clara, vamos analisá-los individualmente. Cada tipo foi projetado para um uso específico — e saber diferenciá-los é essencial para qualquer técnico ou engenheiro eletrônico.


🔹 1. Diodo Retificador — o conversor de energia

Função: transformar corrente alternada (AC) em contínua (DC). Características principais:

  • Suporta altas correntes e tensões;

  • Apresenta queda de tensão direta de 0,7 a 1,1 V;

  • É robusto e confiável.

Aplicações: Usado em fontes de alimentação, retificadores de ponte e carregadores.

💡 Exemplo: a ponte de diodos de uma fonte de notebook converte a energia da tomada em corrente contínua para o circuito.


⚡ 2. Diodo Rápido ou Ultrarrápido — o especialista em velocidade

Função: operar em frequências elevadas (como em fontes chaveadas).

Diferencial: possui tempo de recuperação reversa (trr) muito baixo.

Por que isso importa: em circuitos que ligam e desligam milhares de vezes por segundo, um diodo comum gera calor e ruído. O rápido resolve isso.

Aplicações: Conversores SMPS, inversores e drivers de motor.

💡 Exemplo: nas fontes de computadores, diodos ultrarrápidos evitam aquecimento e aumentam a eficiência.


💎 3. Diodo Schottky (Si e SiC) — o de alta eficiência

Função: reduzir perdas de energia.

Diferencial: junção metal–semicondutor (em vez de p–n).

Vantagens:

  • Queda de tensão direta baixa (0,2 a 0,4 V);

  • Comutação ultrarrápida;

  • Alta eficiência em baixa tensão.

Atenção: versões em carbeto de silício (SiC) suportam altas tensões e temperaturas.

Aplicações: Conversores DC-DC, retificação em alta frequência, carregadores rápidos.

💡 Exemplo: usado em carregadores fast-charge para evitar perdas térmicas e aumentar a durabilidade do circuito.


⚙️ 4. Diodo Zener — o estabilizador de tensão

Função: regular tensões e proteger contra sobrevoltagem.

Como funciona: conduz corrente no sentido reverso quando a tensão atinge o valor de ruptura (VZ).

Vantagens: simples, barato e eficaz em circuitos de baixa potência.

Aplicações: Fontes lineares, referências de tensão, circuitos de proteção.

💡 Exemplo: um Zener de 5,1 V protege entradas de microcontroladores de picos de tensão.


🛡️ 5. Diodo TVS — o protetor de picos

Função: absorver surtos elétricos e proteger circuitos sensíveis.

Como funciona: em condições normais, o TVS não conduz; quando há um surto, ele entra em condução instantaneamente, desviando a energia.

Aplicações: Linhas de comunicação, portas USB, interfaces industriais e automotivas.

💡 Exemplo: um TVS evita que descargas eletrostáticas queimem portas USB em computadores.


🎚️ 6. Diodo Varactor (ou Varicap) — o ajustador de frequência

Função: alterar sua capacitância conforme a tensão aplicada.

Aplicações: usado em rádios, transmissores, VCOs e PLLs, permitindo sintonizar frequências sem componentes mecânicos.

💡 Exemplo: nos rádios automotivos, o varactor ajusta eletronicamente a frequência de sintonia.


🌞 7. Fotodiodo — o olho eletrônico

Função: converter luz em corrente elétrica.

Como funciona: a luz gera elétrons na junção, criando uma corrente proporcional à intensidade luminosa.

Aplicações: Sensores ópticos, sistemas de segurança, leitores de código de barras e receptores de fibra óptica.

💡 Exemplo: usado em elevadores para detectar quando alguém passa entre as portas.


📊 Como escolher o diodo certo — checklist essencial

  1. Função: o diodo vai retificar, proteger, detectar ou sintonizar?

  2. Tensão reversa máxima (VRRM): deve ser pelo menos 1,5× maior que o valor de pico do circuito.

  3. Corrente média (IF): precisa suportar a corrente de operação sem aquecer.

  4. Tempo de recuperação (trr): quanto menor, melhor para alta frequência.

  5. Perdas (VF): quanto menor a queda direta, maior a eficiência.

  6. Temperatura: verifique o limite térmico (Tj e Rθ).

  7. Tipo de encapsulamento: SMD, TO-220, DO-41, entre outros.


🧮 Parâmetros que importam (explicação simples)

Parâmetro

Significado

Importância prática

VF

Queda direta

Define a perda de energia durante a condução

IR

Corrente de fuga

Determina a estabilidade e eficiência em repouso

IFSM

Corrente de surto

Protege contra picos momentâneos

trr

Tempo de recuperação reversa

Impacta diretamente na eficiência de chaveamento

Cj

Capacitância de junção

Influencia circuitos de RF e varactors

RθJA

Resistência térmica

Relaciona-se à dissipação de calor

🧩 Perguntas e Respostas (FAQ técnico)


❓1. Qual é a diferença entre diodo Zener e TVS?

O Zener regula a tensão de forma contínua, enquanto o TVS atua apenas em surtos rápidos de energia.Pense no Zener como um “estabilizador” e no TVS como um “para-raios eletrônico”.

❓2. O Schottky é sempre melhor que o diodo comum?

Não. Ele tem queda de tensão menor, mas fuga reversa maior.Em baixas tensões, o Schottky é excelente; em altas tensões, prefira SiC ou ultrarrápidos.

❓3. Por que o diodo aquece?

Porque há perdas por condução (VF) e corrente reversa (IR).Calcular a dissipação e usar dissipadores é essencial em aplicações de potência.

❓4. O que é o tempo de recuperação reversa (trr)?

É o tempo que o diodo leva para parar de conduzir ao inverter a polaridade.Quanto menor o trr, menores são as perdas e interferências eletromagnéticas.

❓5. O que é um varactor?

É um diodo cuja capacitância varia com a tensão aplicada.Ele é usado em rádios, transmissores e circuitos de sintonia, permitindo mudar a frequência sem componentes mecânicos.


📚 Aplicações Industriais Reais

  • Automação industrial: TVS e Zener para proteção de PLCs e sensores.

  • Automotivo: Schottky SiC em sistemas de carga e alternadores inteligentes.

  • Eletroeletrônico: retificadores e ultrarrápidos em fontes e inversores.

  • Dispositivos médicos: fotodiodos em monitores e sensores ópticos.


🚀 Conclusão

O diodo é muito mais do que um simples componente semicondutor — ele é o elemento que dá direção à corrente elétrica e garante o funcionamento confiável de praticamente todos os circuitos modernos.Graças a ele, podemos converter energia, proteger sistemas, estabilizar tensões, detectar luz e controlar sinais com altíssima precisão.

Compreender como cada tipo de diodo se comporta — do retificador robusto ao Schottky ultrarrápido, do Zener regulador ao fotodiodo sensível à luz — é um passo fundamental para projetar circuitos mais eficientes, seguros e inteligentes.

Em resumo, dominar o estudo dos diodos é dominar a base do fluxo elétrico controlado, uma habilidade essencial para quem deseja evoluir na eletrônica moderna e criar soluções que unem tecnologia, confiabilidade e inovação.


Explore a Série Completa sobre Componentes Eletrônicos

Continue sua jornada pelo universo dos componentes eletrônicos com nossa série de 11 posts didáticos e ilustrados! Cada artigo oferece uma análise detalhada, científica e prática de um componente essencial, desde sua física até aplicações industriais. Acesse todos os posts da série abaixo:

Fique ligado para os próximos posts, que serão atualizados regularmente com links ativos. Para mais informações sobre soluções de teste de componentes, visite nosso site Engenharia Híbrida ou entre em contato pelo WhatsApp (41) 99923-6207.


Referências

BALIGA, B. J. Fundamentals of Power Semiconductor Devices. 2. ed. Cham: Springer, 2020.

MILLMAN, J.; HALKIAS, C. Integrated Electronics: Analog and Digital Circuits and Systems. New York: McGraw-Hill, 1972.

NEAMEN, D. A. Semiconductor Physics and Devices: Basic Principles. 4. ed. New York: McGraw-Hill, 2012.

SEDRA, A. S.; SMITH, K. C. Microelectronic Circuits. 8. ed. New York: Oxford University Press, 2019.

SZE, S. M.; NG, K. K. Physics of Semiconductor Devices. 3. ed. Hoboken: John Wiley & Sons, 2006.

IEEE XPLORE DIGITAL LIBRARY. Scientific papers on fast-recovery diodes, SiC Schottky diodes, and TVS surge protection. Disponível em: https://ieeexplore.ieee.org/. Acesso em: 17 out. 2025.

SCIENCEDIRECT. Articles on semiconductor junctions, reverse recovery, and avalanche phenomena in diodes. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/. Acesso em: 17 out. 2025.

ELECTRONICS TUTORIALS. Semiconductor Diode Theory and Applications. Disponível em: https://www.electronics-tutorials.ws/diode/diode_1.html. Acesso em: 17 out. 2025.

ALL ABOUT CIRCUITS. Diode Basics and Types. Disponível em: https://www.allaboutcircuits.com/textbook/semiconductors/chpt-3/diodes-and-rectifiers/. Acesso em: 17 out. 2025.

 
 
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